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27 de março de 2012

Congresso Nacional homenageia os 90 anos do PCdoB

Para homenagear os 90 anos de fundação do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), as duas Casas do Legislativo – Senado e Câmara – realizaram sessão solene conjunta do Congresso Nacional nesta segunda-feira (26). O evento, que reuniu ministros, diplomatas, parlamentares e a militância comunista, se prolongou por três horas em discursos que enalteciam a contribuição do Partido na luta pela democracia e liberdade e pela melhoria da vida do povo brasileiro. 

Agência Senado

Aliados e oposicioistas destacaram a contribuição do PCdoB na luta pela democracia e liberdade e melhoria da vida do povo brasileiro.A sessão foi aberta pelo presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), que deu um tom bem humorado ao seu discurso, ao enfatizar que o PCdoB é mais velho que ele. E discorreu sobre a relação dele com o Partido desde a infância até quando, como presidente da República, em 1985, determinou o fim da ilegalidade do PCdoB.

A primeira parte do evento foi concluída com o discurso do presidente nacional do Partido, Renato Rabelo, que lembrou toda a trajetória do Partido desde a sua criação em 25 de março de 1922 até os dias atuais, enaltecendo o papel das três gerações, do fundador Astrojildo Pereira, passando por Luiz Carlos Prestes até João Amazonas. 

Ato simbólico

O dirigente comunista agradeceu ao presidente José Sarney, destacando a simbologia do ato de legalização do PCdoB, importante para a transição democrática. E contou que Sarney recebeu no Palácio do Planalto a bancada, na época com onze deputados comunistas, e o líder partidário, João Amazonas.

Sarney também falou sobre o assunto, contando que “a presença dos líderes comunistas era uma sinalização mais forte que qualquer medida legal que seria, pela própria natureza parlamentar, de demorada execução. Encerrávamos, com uma fotografia, a questão da legalização dos partidos chamados clandestinos, objeto de grande discussão e reação dos militares, que obrigara Tancredo Neves na campanha a dizer que este era um problema ‘da justiça e não do Poder Executivo’”. 

“A história do Partido Comunista do Brasil é longa e rica de valores, de sacrifícios, de heroísmo. Outros falarão dela com detalhes. Quanto a mim, dou um testemunho, o testemunho de uma longa convivência e de uma visão destes valores maiores entre grandes amigos e eminentes políticos”, resumiu Sarney, no que foi acompanhado pelos oradores que se seguiram ao microfone nas homenagens ao Partido.

Tempo de mudanças

O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, também discursou, destacando o papel de Sarney na redemocratização do país e a contribuição para a legalidade do PCdoB e todas as instituições e entidades que integram a cena democrática do país. 

Ele falou sobre a origem do PCdoB, destacando que “o PCdoB não é o único a contestar o capitalismo, não é uma seita de conspiradores, nasce a partir das contradições econômicas, culturais e políticas da Europa no início do século 20. No Brasil, surge em 1922, como consequência e resultado das transformações após a proclamação da República”.

E lembrou que naquele período, o Brasil vivia também muitas mudanças na área cultural com a realização da Semana de Arte Moderna de 1922. Esse aspecto foi novamente destacado pelos oradores que se seguiram. 

Sempre aguerrido

A mesa foi feita e refeita várias vezes durante o evento para dar espaço a todas as autoridades presentes ao evento. Após a saída de Sarney, a senadora Vanessa Grazziotin (AM) dividiu com a deputada Luciana Santos (PE) a presidência da sessão, quando vários parlamentares – aliados e da oposição – fizeram discursos, se revezando em palavras elogiosas e homenagens. 

A ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, disse que, “para nós, que temos compromisso com a justiça, a liberdade e a democracia, o PCdoB teve influência em todos nós”. E destacou, entre os muitos compromissos com a militância, o mais importante é que se localize os corpos da Guerrilha do Araguaia, para que possam fazer as honras aos que lutaram em condições tão adversas. 

E, a exemplo dos outros oradores, encerrou sua fala desejando que o PCdoB continue “sempre aguerrido, firme e parceiro que foi com aliança que pudemos dar a esse Brasil um primeiro presidente operário e uma presidente mulher”.

A presidente em exercício da Câmara, deputada Rose de Freitas (PMDB-ES), que foi a segunda a falar, logo após o presidente do Senado, afirmou que “marcado pela dura perseguição dos governos autoritários, alterando períodos de clandestinidade e legalidade, o PCdoB vem prestando grande colaboração na construção do país, com luta, idealismo e superação. E marcou participação decisiva na história do país”.

O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, disse que trazia “a mensagem do PSB de respeito, reconhecimento e gratidão de todos os democratas, socialistas e brasileiros que sonham com um Brasil justo e equilibrado socialmente. Todos estão em festa”.

Convicção e empenho

Ao senador Inácio Arruda (PCdoB-CE), que requereu a sessão no Senado, coube o discurso sobre a atuação no Partido no parlamento. Ele destacou que “há muito o que contar sobre a história do Partido, que nasceu com o objetivo declarado de construir a nova sociedade, sem oprimidos e sem opressores”. 

Atualmente, sob a bandeira de “um Brasil socialista, um país verdadeiramente democrático e soberano”, o PCdoB conta com dois senadores – Inácio Arruda (CE) e Vanessa Grazziotin (AM) –, 14 deputados federais, 18 deputados estaduais, 42 prefeitos e 608 vereadores. Apoiou todas as canditaduras à Presidência da República de Luiz Inácio Lula da Silva desde 1989. Faz parte da base do governo Dilma Rousseff, em que está representado pelo ministro do Esporte, Aldo Rebelo.

O presidente do PCdoB, Renato Rabelo, anunciou, em seu discurso, que “o PCdoB, mais ainda, está empenhado em dar a sua contribuição (...) O grande empreendimento para alcançar um Brasil soberano, próspero, democrático e solidário não pode ser obra de um só partido ou grupo, mas de uma coalizão de partidos, das forças vivas da nação, da ampla participação do povo. Essa é a nossa convicção e o nosso empenho”.

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De Brasília
Márcia Xavier

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