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2 de maio de 2012

Centrais ampliam pauta de reivindicações

Ministro Gilberto Caralho: "A presidente vai receber as centrais nesta quinta-feira. Esperamos decidir o teto da PRL (isenta) até lá" 
Ao encamparem, em uníssono, o discurso da presidente Dilma Rousseff em cadeia nacional de rádio e TV em defesa da queda dos juros, as centrais sindicais apresentaram ontem no 1º de maio uma pauta de reivindicações que passa pela isenção do imposto de renda sobre a participação nos lucros (PLR), o fim do fator previdenciário e a redução de jornada para 40 horas semanais.

O secretário-geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, confirmou que a presidente Dilma Rousseff deve tratar dessa pauta na reunião que terá com as centrais amanhã. Questionado em evento de comemoração do 1º de Maio sobre qual decisão sairia antes - a isenção da PLR ou o fim do fator previdenciário - ele optou pela primeira. "A presidente vai receber as centrais nesta quinta-feira. Esperamos decidir o teto da PRL (isenta) até lá", comentou.

De acordo com o presidente da Força Sindical, o deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho, o governo sinaliza com teto de R$ 6 mil para a PLR isenta, enquanto as centrais sindicais pedem limite de R$ 20 mil. Carvalho disse que o governo pode avançar na proposta. "Não será o que querem as centrais, mas o possível", disse o ministro.

Paulinho afirmou que, na conversa com a presidente Dilma Rousseff na quinta-feira, as centrais vão reforçar o discurso para redução de juros e valorização do real. "Vamos elogiar o que já foi feito e cobrar o que ainda não foi. Ontem (anteontem, em discurso em rede nacional), a presidente tratou duramente dos juros. Esperamos que ela enquadre sua equipe econômica e os banqueiros. Já ganhamos a opinião da presidente na isenção da PLR."

O fim do fator previdenciário (fórmula que calcula o valor da aposentadoria proporcionalmente aos anos trabalhados) também será discutido nessa reunião, segundo Paulinho, além de uma política de valorização do salário dos aposentados e a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Sérgio Nobre, filiado à CUT, endossou as bandeiras do fim do fator previdenciário, a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais e a isencão de tributação de imposto de renda sobre a PLR.

Nobre também enfatizou a necessidade de treinamento de trabalhadores para que o país gere empregos mais qualificados. "Em lugar nenhum o país avança sem melhora na qualificação", disse.

Apesar da união das centrais em torno do fim do fator previdenciário, o secretário-geral da Presidência preferiu não assumir compromisso. "Esta é uma possibilidade em discussão. Estamos retomando as negociações", disse Gilberto Carvalho. "A presidente deixou claro o rumo da economia: defesa dos trabalhadores e de um salário digno. Nossa luta é pela redução dos juros e do spread bancário, porque queremos o país crescendo com distribuição de renda. Nós vamos isentar a PLR porque sabemos que é dinheiro no bolso do trabalhador, transformado em comida e bens de consumo e isso estimula a indústria".

Ao fazer a defesa da investida presidencial pela queda de juros, o secretário-geral da Presidência disse que o governo atua para fazer a economia crescer não para criar clima de hostilidade ao sistema financeiro. "A presidente Dilma Rousseff tem empenho em reduzir o custo do financiamento da produção no Brasil, mas isso não é uma guerra contra banqueiros, não é guerra contra ninguém. É convencimento. Cada um tem que dar a sua cota", disse.

Carvalho foi enfático ao dizer que o Brasil passa por um bom momento, tendo em vista o cenário mundial. "Estamos felizes. No 1º de Maio na Europa, os trabalhadores estão fazendo protestos e aqui o clima é outro, de pleno emprego, economia crescendo e distribuição de renda. Mas ainda temos de incluir 16 milhões de brasileiros no mercado interno", afirmou, referindo-se aos que vivem abaixo da linha da pobreza.

No evento organizado pela CUT, Carvalho negou que a proposta do governo de uma nova legislação, com previsão de acordos coletivos, acarrete uma flexibilização das leis trabalhistas. "O projeto anterior é que era neoliberal. Este, pelo contrário, avança", disse, ao defender a institucionalização de um processo de negociação continuada nos locais de trabalho.

Carvalho também comentou o possível veto de Dilma ao projeto do Código Florestal. "A presidente respeita o Legislativo, mas não podemos permitir uma anistia a quem desmatou. É muito provável que ela honre esse compromisso. A preocupação principal é obrigar quem desmatou a reflorestar."

Auxiliares da presidente já sinalizaram que ela deve vetar os artigos mais polêmicos do Código Florestal aprovado pela Câmara dos Deputados. Entre eles, os que tratam da recomposição das matas ciliares e da "anistia" a desmatadores.

Fonte: Valor Econômico

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