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8 de julho de 2012

De olho em projeto nacional, PSB quer disputar comando da Câmara

Depois de protagonizar os principais embates com o PT por alianças na disputa municipal, notadamente em Belo Horizonte (MG) e Recife (PE), o PSB seguirá sua estratégia para se tornar um partido mais poderoso e já está gestando uma candidatura própria à presidência da Câmara, em 2013.

A candidatura ao comando da Casa pode ameaçar o acordo entre PT e PMDB, que se revezam na presidência da Câmara desde 2007. Em 2013, será a vez do petista Marco Maia (RS) deixar a cadeira de presidente e apoiar o peemedebista Henrique Eduardo Alves (RN), que lidera a bancada de deputados.

E o PSB não está sozinho nessa empreitada para lançar um candidato e confrontar o acordo entre PT e PMDB. Nas últimas semanas, o PSD e o PCdoB tem aproximado suas posições com os socialistas e podem fechar uma aliança para buscar o comando da Câmara. Juntos, esses partidos têm 94 votos na Câmara.

O nome mais cogitado no PSB para concorrer à presidência é o deputado Márcio França (SP), que está regressando à Câmara depois de deixar a Secretaria de Turismo do governo de São Paulo.

A candidatura de França, na avaliação de socialistas, poderia inclusive capturar o apoio dos tucanos por causa da proximidade do PSB paulista com o PSDB. Ao mesmo tempo, segundo de uma fonte do PSB, tiraria França da órbita direta do governador Geraldo Alckmin.

A fonte, que pediu para não ter seu nome revelado, explica que o comando do partido não rejeita uma aproximação com o PSDB, mas essa relação teria que se dar em torno do senador Aécio Neves (PSDB-MG) e não do candidato tucano à prefeitura de São Paulo, José Serra.

Essa aproximação do PSB com o PSDB ficou mais evidente na negociação para a candidatura de Márcio Lacerda (PSB) à reeleição em Belo Horizonte. Até a presidente Dilma Rousseff se envolveu na negociação local para assegurar o apoio do PMDB ao candidato do PT, Patrus Ananias, depois que socialistas e tucanos isolaram os petistas.

Uma fonte do Palácio do Planalto disse à Reuters, sob condição de anonimato, que Dilma entrou na negociação porque ficou irritada principalmente com o movimento de aproximação com os tucanos comandado pelo presidente do PSB e governador de Pernambuco, Eduardo Campos. Campos é visto como um possível candidato à Presidência da República e sua aproximação com o PSDB irrita o PT.

Fidelidade

A candidatura própria do PSB para presidir a Câmara não é, segundo a fonte socialista, uma demonstração clara do PSB para se descolar do projeto petista em nível nacional. “Não é um plano para isso, mas sem dúvida é um ‘upgrade’ para esse projeto nacional do partido", disse a fonte do PSB.

Num manifesto divulgado no domingo (1º) os socialistas ressaltam a lealdade que sempre mantiveram ao projeto comandando pelo PT, mas alertam que a aliança não é para sempre.

"Ao PT e principalmente ao presidente Lula, tem sido fiel o PSB, e aliado permanecerá enquanto seus projetos puderem ser partilhados na igualdade do respeito mútuo e no respeito às eventuais divergências de tática", diz trecho do documento.

Essa movimentação do PSB está sendo acompanhada com apreensão pelo PMDB, que aguarda sua vez no rodízio para ocupar a presidência da Câmara.

A fonte do Palácio do Planalto argumenta que uma candidatura alternativa ao acordo PT-PMDB está dentro dos prognósticos dos dois partidos e avalia que esse movimento do PSB pode até mesmo servir para fortalecer a aliança entre as duas maiores legendas do país.

Segundo a fonte, um dos pontos que mais irritaram o PT nas negociações em Belo Horizonte foi a existência de um documento assinado por Lacerda para manter a aliança com os petistas na prefeitura e o acordo foi rompido.

Apoio mútuo

PT e PMDB também têm um documento assinado para manter apoio mútuo para o comando da Câmara, conforme essa mesma fonte. "Se o PT brigou para manter o acordo escrito lá em Minas (Gerais), vai ocorrer o mesmo na disputa da Câmara", disse, afastando a hipótese de quebra do acordo.

"O PT cumprirá o acordo com o PMDB", disse o deputado Paulo Teixeira (PT-SP) à Reuters na quinta-feira (5), evitando comentar possíveis defecções da bancada ao acordo.

A tática dos socialistas para chegar ao comando da Câmara também leva em conta a insatisfação dos demais partidos aliados com a proeminência do PT no governo, de petistas que não avalizam o acordo da cúpula da legenda com o PMDB, e até de peemedebistas que não aceitam naturalmente as ordens do comando partidário.

Para atrair esse caldeirão de insatisfações, PSB, PCdoB e PSD contemplam inclusive outros cenários de candidaturas. Nas conversas até mesmo o nome do ministro do Esporte, Aldo Rebelo (PCdoB), é lembrado como um candidato aglutinador de votos em todos os segmentos da Casa.

Contudo, essa hipótese é menos provável, considerando que para concorrer ele teria que afrontar diretamente a presidente Dilma Rousseff, deixando o cargo de ministro.

Fonte: Reuters

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