Novo sistema pesará no bolso de quem usa as estradas da região como avenidas.

Motoristas que passam diariamente por trechos urbanos das principais rodovias que cortam Campinas, como D. Pedro I (SP-65), Santos Dumont (SP-75), Governador Adhemar Pereira de Barros (SP-340) e Anhanguera (SP-330), podem preparar o bolso. A cobrança de pedágio por trecho percorrido — que está em fase de teste na Rodovia Santos Dumont entre Indaiatuba e Campinas — prevê cobrança em extensões destas rodovias, utilizadas como verdadeiras avenidas, responsáveis pela ligação de bairros e distritos a importantes centros de compras, empresariais, polos de tecnologia e universidades.
O fim do deslocamento gratuito nessas vias é visto com preocupação pela Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec), que teme graves problemas de trânsito no município. A transferência de boa parte do volume de veículos das rodovias para as vias municipais — para evitar pagamento do pedágio — gerará congestionamentos, que, segundo a empresa, irão causar um verdadeiro colapso nas ruas da cidade.
Apenas na Rodovia D. Pedro I — onde estão localizados importantes acessos a centros comerciais, empresariais e de estudo — trafegam diariamente 125 mil veículos que utilizam o trecho apenas como forma de ligação para diversas áreas da cidade (veículos que não passam por praças de pedágio). Ao todo, a extensão da via no município é de 17 quilômetros — 95% dessa malha viária está em área urbana.
O novo sistema é fruto do modelo de cobrança de pedágio por quilômetro percorrido nas estradas paulistas, anunciado pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) como forma de tornar a cobrança mais “justa”. A previsão do governo é que o sistema esteja em operação até o início de 2014 nas vias sob concessão. Inicialmente, a adesão dos motoristas será opcional.
Na região, a Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp) iniciou os testes na SP-75 e está cadastrando e distribuindo tags do sistema aos moradores de Indaiatuba que estão interessados em aderir ao novo modelo. Na via estão previstas as instalações de oito pórticos (responsáveis por fazerem a leitura dos tags). Ao todo, serão 45 km monitorados de Salto a Campinas.
A agência não tem a quantidade de pórticos que serão instalados nas outras rodovias nem os valores cobrados por trechos. Afirma apenas que as rodovias terão um estudo previsto para a instalação dos equipamentos nos trechos necessários.
Insatisfação
O secretário de Transportes e presidente da Emdec, André Aranha Ribeiro, disse que a cobrança obrigatória nesses pontos será catastrófica para a cidade. “Causará um impacto extremamente prejudicial e deverá causar um colapso nas vias. As ruas municipais irão servir como rota de fuga para reduzir os gastos. Qualquer iniciativa desta natureza deverá ser feita em conjunto com o município, precedida da implantação de vias marginais sem a cobrança do pedágio.”
Para o professor do Departamento de Transporte e Geotecnia da Unicamp Carlos Alberto Bandeira Guimarães, a cobrança será mais justa, porém, o Estado deverá criar casos especiais para não gerar insatisfação coletiva de usuários. “Na verdade, vai prejudicar quem faz viagens curtas, que não paga pedágio. Mais pessoas passarão a pagar, mas valores menores. É mais justo, mas acredito na necessidade de criar casos especiais”, disse.
Fonte: RAC
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