Considerada uma das cidades mais turísticas do Brasil, Salvador (BA) tem belezas que vão muito além do Pelourinho. Belezas que atravessam vielas, cruzam becos, sobem ladeiras e encontram a vida, as cores e as impressões de diversas comunidades que, de tão ricas em imagens, também podem ser retratadas em cartões postais. É esta a proposta dos "Postais das Periferias”, uma campanha do Grupo de Jovens Comunicadores Mídia Periférica, que busca valorizar as muitas comunidades e favelas baianas.
Mídias Periféricas


A campanha quer quebrar o paradigma de que em Salvador, só há beleza nos pontos turísticos tradicionais.

Em entrevista à Adital, Enderson Araújo, diretor do Mídia Periférica e responsável pela campanha, explica que a iniciativa não é de incentivo, mas de valorização dos pontos positivos das comunidades, como suas ‘quebradas’ e ‘malocas’.
"Eu e uma amiga do ‘Mídia Periférica’ queríamos criar uma campanha para valorizar as periferias, e acabou surgindo a ideia de publicar fotos das comunidades e transformá-las em Postais em nossa página do Facebook”, conta Enderson sobre como surgiu a ideia.
Para participar, qualquer pessoa pode fazer um registro fotográfico de sua comunidade e escrever um pequeno texto de, no mínimo, três linhas, contando qual a sua visão daquele local. As imagens podem ser postadas na página do grupo no Facebook, ou enviadas para o e-mail midiaperiferica@gmail.com e publicadas no blog do grupo.
A grande preocupação do Mídia Periférica em chamar a atenção para as comunidades carentes está baseada no fato de que a principal fonte de renda de Salvador está no turismo. "Quando o turista chega à capital, vai para o Pelourinho, para o Farol da Barra, só para os lugares que a mídia mostra”, relatou.
Quebrar paradigma
Para o grupo, o mais importante é quebrar o paradigma de que em Salvador, só há beleza nos pontos turísticos tradicionais e que, diferente do que os meios midiáticos exibem, a violência não é predominante nas comunidades.
"Muitas vezes, quando pessoas que moram nas periferias estão em uma entrevista de emprego e são perguntadas onde residem, por exemplo, quando dizem que moram na comunidade de Sussuarana [periferia de Salvador], são mal vistas”.
Enderson explica que os/as moradores/as que sofrem por conta da discriminação geográfica e da marginalização de suas comunidades serão beneficiados, através da campanha, com a elevação de sua autoestima.
Para ele, o papel dos/as jovens nesse processo de valorização da periferia é essencial, pois, além de terem muita energia, são os que mais utilizam as redes sociais, mídias virtuais e alternativas. "De acordo com pesquisas recentes, redes sociais como Facebook, Twitter, e outros, são um dos meios mais eficazes para disseminar rapidamente informações e a geração de jovens é que mais utiliza essas ferramentas”, assinalou Enderson.
Mas a campanha não deve parar pelas redes sociais. De acordo com Enderson, o objetivo é apresentar a ideia às autoridades e órgãos públicos e mobilizá-los para formalizar a criação de postais das periferias. Ademais, a iniciativa busca apoio financeiro para que o acervo fotográfico seja impresso e divulgado.
"Nós [periferias] também temos os que os/a turistas apreciam: artesanato, comidas típicas, lugares bonitos. Desejamos que venham conhecer tudo isso e levar o burburinho para suas cidades e até mesmo seus países. Já está na hora de quebrar essa imagem que a periferia só tem violência e presenciar o que realmente acontece nas comunidades”, pontuou.
Fonte: Adital
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