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4 de janeiro de 2013

INDÚSTRIA RECUA E JOGA RECUPERAÇÃO PARA 2013

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De acordo com os dados divulgados pelo IBGE nesta sexta-feira, a produção caiu 0,6% em novembro frente a outubro. "A recuperação não se concretizou e de fato 2012 foi um ano muito ruim para a indústria", avaliou o economista André Macedo

RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO, 4 Jan (Reuters) - A produção industrial brasileira voltou a terreno negativo em novembro pressionada pela desaceleração na fabricação de automóveis e da indústria extrativa, o que deve deixar para 2013 a esperada retomada da atividade de forma mais efetiva.

De acordo com os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira, a produção caiu 0,6 por cento em novembro frente a outubro.

"A recuperação não se concretizou e de fato 2012 foi um ano muito ruim para a indústria", avaliou o economista do IBGE André Macedo.

O resultado de novembro anula a alta de 0,1 por cento vista em outubro ante setembro, em dado revisado após ter sido divulgado anteriormente um avanço de 0,9 por cento.

"A retomada industrial esperada no segundo semestre (de 2012) tem se concretizado, mas de maneira não linear, e num ritmo mais lento que as expectativas. Isso acaba jogando a retomada mais efetiva da produção industrial para 2013", previu o economista Rafael Leão, da Austin Rating.

Por outro lado, o resultado foi melhor do que a expectativa de economistas. A mediana das previsões de 14 analistas ouvidos pela Reuters indicava que a produção industrial teria recuado 0,9 por cento em novembro ante outubro. As estimativas variaram de queda de 0,3 por cento a 1,2 por cento.

Na comparação com novembro de 2011, a produção caiu 1 por cento, nesse caso pior do que a previsão de recuo de 0,8 por cento. Em outubro a produção havia interrompido uma sequência de 13 meses de taxas negativas nesse tipo de comparação ao avançar 2,5 por cento, em dado também revisado após ter sido divulgado anteriormente avanço de 2,3 por cento.

No ano, a indústria acumula queda de 2,6 por cento. Em 2011 o setor encerrou com crescimento de 0,4 por cento, e a última vez em que a produção terminou o ano com taxa negativa foi em 2009, com queda de 7,4 por cento.

Para o economista sênior do BES Investimentos Flávio Serrano, os resultados fracos aumentam a possibilidade de o governo voltar a agir com a intenção de estimular a atividade.

"Qualquer tipo de frustração com o crescimento só aumenta a probabilidade de novas medidas parecidas com aquelas que têm sido feitas, medidas de estímulo setorial", disse ele.

Já em relação à política monetária, acredita Leão, da Austin Rating, ela deve se manter em "parada técnica", com a Selic em 7,25 por cento, pelo menos até julho, quando o BC pode agir com a intenção de fazer a inflação convergir para a meta.

Antes disso, só ocorreria uma mexida no caso de uma "deterioração muito profunda" da atividade. "E isso só vamos saber em março, quando saem os números do PIB fechado de 2012", disse.

CRESCIMENTO PERDIDO

Segundo o IBGE, em novembro, 16 das 27 atividades pesquisadas apresentaram queda sobre o mês anterior, com destaque para o recuo de 6,7 por cento em indústrias extrativas e de 2,8 por cento no setor de veículos automotores.

Com isso essas atividades eliminaram parte do crescimento registrado em outubro, de 8,2 por cento e 3,2 por cento, respectivamente.

"Houve redução na produção de petróleo e de minério, dois setores que representam mais de 90 por cento da indústria extrativa. O setor automotivo mostrou redução na produção de carros e caminhões", listou André Macedo, do IBGE.

Segundo a Anfavea, associação que representa as montadoras do país, o setor deve encerrar em queda 2012, o primeiro recuo anual desde 2002.

Também pesaram no resultado de novembro sobre outubro os setores de metalurgia básica (-3,3 por cento), equipamentos de instrumentação médico-hospitalar, ópticos e outros (-10,7 por cento) e material eletrônico, aparelhos e equipamentos de comunicações (-7,0 por cento).

Na outra ponta, houve alta da produção nas indústrias de bebidas (3,4 por cento), farmacêutica (2,8 por cento) e vestuário e acessórios (7,4 por cento).

Na comparação com novembro de 2011, o setor de veículos automotores, com recuo de 7,5 por cento, foi o que exerceu a maior influência negativa para a queda de 1 por cento na produção industrial, pressionado pela queda na fabricação de aproximadamente 71 por cento dos produtos investigados, segundo o IBGE.

O segmento de bens de capital, equivalente ao investimento na economia brasileira, registrou queda de 1,1 por cento na produção em novembro ante outubro e de 10,3 por cento frente ao mesmo mês de 2011. Foram os piores resultados entre os quatro segmentos pesquisados pelo IBGE

"A crise externa, a incerteza no mercado internacional e a própria expectativa do empresário aqui no país afetam o nível de investimento", completou Macedo.

Entretanto, outros dados sobre a indústria sugerem que o setor industrial brasileiro estava se recuperando no final do ano, embora a um ritmo mais lento. Em dezembro, a pesquisa Índice de Gerentes de Compras do Markit, divulgado na quarta-feira, atingiu 51,1, ante 52,2 em novembro, indicando expansão pelo terceiro mês seguido.

E a confiança da indústria avançou 1,1 por cento em dezembro em relação a novembro, influenciada pelo aumento das expectativas em relação aos próximos meses.

(Reportagem adicional de Diogo Ferreira Gomes, no Rio de Janeiro, e Asher Levine, em São Paulo; Edição de Alexandre Caverni)

Por Rodrigo Viga Gaier e Camila Moreira



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