Não é de hoje que a brincadeira preferida de nove entre 10 meninos é correr de pés descalços atrás de uma bola num campinho de pelada. Quem nunca se esfolou todo depois de um tropeção ou uma dividida mais dura pela bola ou nunca arrancou berros da mãe ao chegar em casa com a roupa marrom da terra impregnada?
Se depender da atenção da administração pública de Pedreira com os campinhos de terra espalhados pelos bairros da cidade a brincadeira está ameaçada de acabar. Um rápido giro pelo município mostra a situação de abandono e má conservação desses espaços de lazer, que algumas crianças ainda insistem em utilizar para brincar, tentando ignorar o mato que brota do chão, as traves que ameaçam despencar a qualquer momento e o estado de terra arrasada que desola quem vê nesses campinhos um espaço tão importante para a infância.
O campinho de terra da Rua Antonio Pinheiro, no Jardim Marajoara, foi entregue aos moradores em 2008, às vésperas da eleição municipal. Quase quatro anos depois a única coisa que lembra um campo de futebol são as traves enferrujadas que sobrevivem no local. O mato e as pragas já tomaram conta do interior das quatro linhas e expulsaram as crianças que tinham naquele espaço uma das poucas opções de lazer do bairro.
A situação de abandono sensibilizou moradores da cidade, que, diante da inépcia da administração, já se movimentam para providenciar a limpeza do terreno e a colocação de areia no campo por iniciativa própria. “Passo sempre por aqui e os moradores pedem ajuda para recuperar o campinho. Muitas crianças só têm esse espaço pra brincar”, conta um dos voluntários.
Perto dali, ao lado do Centro Comunitário do Shigueo Kobayashi, outro campinho de terra definha esquecido pelo poder público. A combinação se repete: pragas no chão, redes furadas, traves enferrujadas e um aspecto de terreno abandonado. Crianças brincando? Difícil de encontrar.
Em outro ponto da cidade, ao lado da Rua Aníbal Carbonato, no Portal do Limoeiro, existe um campo de terra batida de dimensões maiores mas com estado de conservação tão precário quanto nos demais. O mato e as pragas vão crescendo e cobrindo a terra, conferindo ao campo um aspecto nada convidativo para uma partida com os amigos.
ESPORTE E LAZER ESQUECIDOS
Não só os campinhos de terra estão sofrendo com o pouco caso das autoridades responsáveis pela manutenção dos espaços esportivos. Quadras, como a “José Carlos Beloffa”, na Avenida Papa João XXIII, estão em estado de total abandono. O que se vê ali é o mato crescendo ao redor, as telas destruídas, traves rachadas e um piso todo deteriorado. O espaço sempre foi muito utilizado pelos moradores do entorno, dia e noite, o que só aumenta a desolação com a má qualidade da conservação do local.
Num momento em que o País está prestes a sediar a Copa do Mundo, lamentavelmente ainda é possível encontrar espaços esportivos abandonados, mal cuidados e cada vez mais vazios. O que mais incomoda nessa situação é que há hoje uma geração de jovens sendo perdida para as drogas e o mundo do crime. Se nada for feito por eles, se opções de esporte e lazer não forem oferecidas adequadamente, esta guerra estará cada vez mais perdida.
A Prefeitura de Pedreira foi procurada para dar esclarecimentos sobre as situações apontadas na matéria, mas a Assessoria de Imprensa não retornou o contato da reportagem.
Por Bruno Felisbino
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