Total de Visitas

22 de abril de 2012

32 anos da greve que mudou a história do país

Um dos principais marcos na trajetória de luta dos trabalhadores brasileiros, a paralisação no ABC foi deflagrada em 1º de abril de 1980.

Há exatos 32 anos o país vivia a primeira semana de uma memorável greve de 41 dias que mudaria a sua história, a dos metalúrgicos do ABC. Um dos principais marcos na trajetória de luta dos trabalhadores brasileiros, a paralisação foi deflagrada em 1º de abril de 1980, sob a liderança de um sindicalista que já despontara para o país, Luiz Inácio Lula da Silva, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo.


Por José Dirceu, Blog do Zé

Sob o comando de Lula, naquele primeiro dia de abril, o ABC por sua mais numerosa categoria de trabalhadores, a metalúrgica, amanheceu de braços cruzados. A reação da ditadura militar não tardou: o líder da greve, Lula, e mais 14 líderes sindicais acabaram presos, depois de conduzirem o movimento por vários dias sob violenta perseguição de todos os órgãos de repressão da ditadura militar, o que incluía até sobrevôo de helicópteros militares em suas assembleias.

Unida, aquela base de mais de 100 mil trabalhadores resistiu por mais de um mês somando-se a todos os que lutavam contra a ditadura. Perseguição, tortura, assassinatos, sequestro e desaparecimento de adversários do regime de exceção ainda aconteciam durante aquele movimento, era um risco comum a todos e continuaram e até quando surgiram os novos partidos, dentre os quais, o PT.

A greve tinha como principais reivindicações, além do reajuste salarial, a redução da jornada de trabalho e a estabilidade no emprego. O movimento exigiu nove meses de preparação, 215 reuniões e 300 assembleias antes da decisão da greve geral da categoria ser tomada em 16 de março, em assembleia de milhares de trabalhadores no estádio da Vila Euclides em São Bernardo do Campo.

"Não aceitem provocação", aconselhava o sindicalista Lula

No livro "Muitos caminhos, uma estrela: memória de militantes do PT", Devanir Ribeiro, diretor do sindicato à época, recorda que a greve trouxe uma nova geração de lideranças ao movimento. "Nós fomos afastados, tínhamos que formar uma nova diretoria, aí que veio essa safra nova...", conta Devanir citando os nomes Jair Meneguelli, Vicentinho e Luiz Marinho.

No mesmo livro, Zé do Mato, o metalúrgico Edilson Ferreira da Silva, lembra como se fazia movimento sindical naquele tempo. Sobre uma mesa, sem equipamento de som, o ex-presidente Lula gritava para os trabalhadores que estavam próximos dele: “fala pra vir amanhã pra assembleia, fala pra vir amanhã pra assembleia". Eles ouviam e repetiam a frase para os companheiros do lado, até que o conjunto da massa de trabalhadores tivesse ouvido a mensagem de Lula.

"Não aceitem provocação, saiam daqui direto pra casa. Não fiquem no bar, não fiquem no ponto de ônibus, não acreditem na imprensa só acreditem na informação do Sindicato. Cuidado com a matéria paga da imprensa, com a mentira do governo, com a propaganda do patrão", orientava o sindicalista Lula naqueles dias de luta. Em um daqueles comícios, acompanhando seu pai, estava Sérgio Nobre, um jovem de 14 anos, aprendiz do SENAI na Scania. Ano passado, ele foi reeleito presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Não deixem de ler sua entrevista neste blog.

Fonte: Blog do Zé

Nenhum comentário: